As soluções práticas, não são as respostas que desejamos ouvir nos brasis. Preferimos conversar fiado e, de preferência, encontrar um bode expiatório para explicar nossas dificuldades.Mas nunca o bode nascido sertanejo, brasiliano da gema, reiúno, gaudério dos chapadões sem fim. Nunca assumimos que o bode ladravaz é nosso.
"Deu bode!" -sem demora, elege-se a dedo um bordão lá no Exterior, bem além dos nossos cercados furados, como se fosse ele o agente predador da rocinha do nosso latifúndio, jogados às traças e sujeito aos tributos dos infernos. Somos caborteiros para justificar as nossas ruínas de cada dia.
Teríamos um defeito congênito e multiplicador, aquele citado pela análise de Euclides da Cunha, em "Os Sertões", como sendo o da "neurastenia"?
Duvidamos disso, mas a dúvida se dissipa quando analisamos o Estado pseudofederativo republicano, com seu unitarismo renitente, herdado da corte litorânea luso-tupiniquim do Rio de Janeiro. Aí nos deparamos com um Estado centrado em si mesmo, de parafusos frouxos, psiconeurótico: bem dotado de fadiga crônica, acompanhado de perturbações funcionais muito variadas, que acabam por afetar seus órgãos internos...
Ora bolas, com um Estado neurastênico em nossos calcanhares com seus 70 tributos, uma dezena de partidos sociais-democratas e mais de uma dezena de partidos socialistas e fascistóides, agregados à fauna dos liberais de legenda, protocapitalistas (uma invenção tupiniquim!), a nos ludibriarem com suas reformas pífias, sempre provisórias e constantes promessas de futuro, passamos a considerar Euclides da Cunha como tendo sido o maior otimista nato que os brasis já conheceram. Mal sabia ele que ia dar bode neste país o tempo inteiro - numa sociopatia progressiva, agressiva e debilóide que promete ir bem além do que se podia imaginar nos idos de Canudos.