Objeção 5: Como defender um sistema como o capitalista, que só apresenta vantagens para os donos do capital e desvantagens para os trabalhadores explorados?
Resposta à Objeção 5: A história já mostrou sobejamente que o regime econômico baseado na iniciativa privada - isto que K. Marx deu o nome de "capitalismo" - é muito mais eficiente para promover o desenvolvimento econômico do que um regime baseado no controle estatal dos meios de produção. Um dos maiores enganos de Marx foi acreditar que a economia dirigida e planejada por burocratas estatais seria capaz de produzir uma prosperidade maior do que a economia nas mãos da iniciativa privada. Como mostrou Ludwig von Mises, no sistema da economia dirigida pelo Estado, a ausência de um sistema de preços inviabilizava o cálculo econômico, de tal modo que era quase impossível a produção atender à demanda: produziam-se demais determinados bens e de menos outros. As condições dos trabalhadores, ao longo da revolução industrial - a conjuntura socioeconômica vivida e analisada por Marx - era muito diferente das condições atuais. Quem poderá negar, com base em fatos históricos e econômicos, que um operário americano, alemão ou japonês possui hoje um padrão de vida muito superior ao de seus antepassados? Até mesmo operários de países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, estão hoje em muito melhores condições - o que não quer dizer que estejam como gostariam de estar em sua justa aspiração a uma melhoria de vida contínua e crescente.
Objeção 6: O neoliberalismo defende o lucro sem limites e estimula um hedonismo sem peias, que se mostra no consumismo conspícuo, na exacerbação da violência e da permissividade tal como estas se mostram nos programas da televisão.
Resposta à Objeção 6: Tal objeção reúne objeções de diferentes naturezas. No que diz respeito ao lucro, ele deve ter limites quanto ao modo de produzi-lo, pois há leis coibindo a lucratividade desonesta (seja a do comerciante que desrespeita os direitos do consumidor, seja a de monopólios ou cartéis que exercem controle de preço ou a do criminoso que enriquece à margem da legalidade). Mas como estabelecer um limite para o grau de lucratividade obtido pelo trabalho honesto? O caráter ilimitado de lucros crescentes é justamente o principal fator estimulador dos empreendimentos humanos. Além disso, o enriquecimento de um indivíduo ou de uma empresa contribui para o enriquecimento da sociedade em geral, pois quanto maior for ele, maior o montante de impostos que ele pagará; e quanto maior a arrecadação, mais capital disponível a ser aplicado em serviços prestados pelo Estado. Tanto no que diz respeito aos indivíduos como no que diz respeito às nações, o ideal seria um sadio equilíbrio de gastos e poupança, pois poupar inteligentemente é acumular capital com vistas a investimentos futuros.
Contudo, tanto indivíduos como países costumam gastar mais do que devem e poupar menos do que podem. Como cidadãos conscientes, devemos exigir que os governos não gastem mais do que arrecadam; mas como pessoas humanas respeitadoras das escolhas de nossos semelhantes, não podemos condenar eticamente aqueles que se entregam a um consumismo desvairado, pois eles gastam um dinheiro que é seu, diferentemente dos governos que gastam um dinheiro que é de todos nós. Esbanjando preciosos recursos que não são seus, os governantes prejudicam todos os membros da sociedade; esbanjando recursos que são seus os consumistas não prejudicam ninguém. Ao contrário, concorrem para o aquecimento da atividade econômica e para a satisfação daqueles que vendem os mais variados bens e serviços, alguns erroneamente considerados "supérfluos" (supérfluo mesmo é um serviço ou mercadoria que encalha, justamente por ninguém ou poucos quererem comprar).
Quanto à violência e à permissividade que aparecem constantemente na tela da televisão, basta dizer que elas desapareceriam completamente, caso os telespectadores não as apreciassem, pois, se o índice de audiência fosse demasiadamente baixo, ninguém desejaria patrociná-los. Ocorre que um avassalador número de telespectadores aprecia tais programas considerados de baixo nível intelectual e moral. Diante disto que fazer? Mudar de programas ou mudar de telespectadores? A televisão é um magnífico espelho da mentalidade de um povo e da opinião pública. E se o povo tem cara feia, será que adianta amaldiçoar ou quebrar o espelho que se limita a refleti-la? Parece mais sensato encomendar urgentemente uma cirurgia plástica, e tal cirurgia se chama educação - tanto no sentido intelectual como nas acepções estética e moral do termo.