É, eu gostaria de falar pessoalmente com cada um deles. Que dizem agora, perante o estadista que o Brasil revela ao mundo? Ele trouxe ao Palácio da Alvorada, da dura vida de sindicalista, aquela moderação de costumes que o santo de Assis foi buscar entre os pássaros; ele aprendeu nas ruas o que Rui Barbosa precisou escrutinar nos corredores das bibliotecas; ele enrijeceu o pulso de comando nos tornos da Villares. E hoje está aí, exercendo o poder com segurança, surpreendendo os incrédulos, proporcionando esse espetáculo de crescimento com justiça social, gerando milhões de empregos e conduzindo sua pátria à posição de conselheira das nações, império da palavra empenhada, primeiro tigre a rugir ao sul do Equador.
Que dizem agora seus opositores? Eles, durante todo o ano de 2002, com a campanha eleitoral em marcha, gastaram litros de saliva e toneladas de papel e tinta para insinuar seu medo contra a esperança de tantos.
Descriam da capacidade de Lula para conduzir o Brasil num cenário interno e externo complicado. No avesso da maioria e do sentimento do mundo culto no além mar, eles perdiam o sono, preocupavam-se. Não reconheciam a esplêndida coerência do maior partido político nacional nem o valor do candidato que o partido forjara nas responsáveis lides da oposição. Desconsideravam sua imensa retaguarda intelectual que há muito vinha apontando soluções para os problemas brasileiros. Lula compreendera o Brasil em intermináveis caravanas pelo país. Conhecera bem os problemas do mundo em proveitosas e estafantes viagens ao exterior. Trabalhara como um condenado, almoçando e jantando do pão que o diabo ia amassando. Que dizem agora? Quem ainda tem medo, neste país onde todos os meses são verdes como a esperança?
Turbinado por invencível vontade política, tendo-se erguido - ele e os seus - a uma estatura moral tão elevada que podiam alcançar a utopia com as mãos, haveria de congregar ao seu redor, com um simples estalar de dedos, os melhores cérebros do mundo acadêmico nacional. E lhe bastaria apontar com o indicador a porta da rua para que os picaretas, os parasitas do Erário, fossem expiar suas culpas longe do poder, nos despenhadeiros do desprezo popular.
Curaria os enfermos do SUS, reduziria a zero a fome dos famintos, zelaria pelos idosos, apascentaria o rebanho do MST, juntaria os bons, dispersaria os maus. Os descrentes, em sua malícia, não o levavam a sério nem mesmo quando ele, com a sinceridade de quem punha em cada palavra uma fatia do próprio coração e um palmo e meio daquela alma sem jaça, garantia que qualquer outro poderia deixar de cumprir um a um os compromissos que assumia, mas ele não tinha esse direito. Como ficam as coisas, agora, quando o moderno cavaleiro da esperança faz o que faz das promessas que fez?