O caleidoscópio político está apresentando mutações na velocidade dos acontecimentos. A roda da história se acelerou. O Brasil está na iminência de grandes mudanças, sendo a principal a do centro de comando. Há a cristalização da consciência das lideranças políticas e empresariais de que, como está, não pode ficar. E o único botão a apertar é o que ejetará Dilma Rousseff e o PT do poder.
Os acontecimentos se aceleram na velocidade dos desdobramentos da operação Lava Jato. A sentença prolatada ontem, contra os diretores da Construtora OAS, mostrou que a delações e as provas coligidas levarão muita gente a pegar muitos anos de cadeia. Essa certeza poderá ensejar novas e preciosas delações, como a do Renato Duque e a do Marcelo Odebrecht. A única saída para terem o fim de vida decente, no calor da família, é delatar e isso significa: entregar o ex-presidente Lula e a presidente Dilma Rousseff, com provas documentadas. Fatalmente isso acontecerá porque é racional e razoável.
Não obstante o que ocorre na esfera judicial, as forças políticas organizadas estão trabalhando para promover a retirada de Dilma Rousseff no poder. Os jornais de hoje relataram as movimentações. Parcela do PSDB parece alinhada com o PMDB de Michel Temer, que ontem fez discurso de estadista, conclamando o país à união, palavras que deveriam vir da presidente. Michel Temer como que anunciou, em alto e bom som, que quer assumir a Presidência da República.
O pano de fundo dessas transformações políticas é a crise econômica, que se agrava dia a dia. A produção está sendo paralisada. O desemprego está alcançando taxas apocalípticas. A quebradeira está ficando epidêmica. A disparada do dólar vai obrigar repasses imediato aos preços, fazendo elevar-se a inflação. O que se desenha para o segundo semestre é um desastre completo da economia.
A condição para a superação da crise econômica é a superação da crise política, que impõe um novo pacto de poder, que exclua o PT. O cenário que se desenha é que o PSDB desempenhará na nova aliança o papel representado pelo PMDB nos governos do PT. Inversamente, o PT assumirá o papel de oposição como tem hoje o PSDB. O PT ficará a cada dia mais nanico. Fora das benesses do poder seus quadros não terão motivo para permanecer na sigla desgastada. O PT é sinônimo de derrota nas próximas eleições.
Quando isso vai acontecer? Ninguém sabe ao certo. O tempo técnico é a apresentação do relatório do TCU rejeitando as contas do governo referentes a 2014, fato que poderá ocorrer a qualquer momento. Eduardo Cunha, o presidente da Câmara de Deputados, já está limpando a pauta, deliberando sobre as contas de anos anteriores ainda não apreciadas, o que significa que poderá pôr imediatamente em andamento os pedidos de impeachment já protocolados por diversos deputados. Haverá, portanto, uma base jurídica consistente para retirar Dilma Rousseff no poder.
A mudança de poder, todavia, será apenas um ato inicial que permitirá o país caminhar no rumo certo, mas não isentará os brasileiros de sofrerem as agruras dos ajustes. É preciso reduzir o Estado e geri-lo melhor. É preciso restaurar a moralidade dos negócios do Estado. A união do PMDB com o PSDB poderá propiciar as condições para que isso aconteça.
Quem viver verá.