Não faltaram aqueles que acusam quem votou no NÃO de ter votado contra Lula e o governo, ignorando o real objetivo do referendo.
A vitória do NÃO no referendo sobre a proibição da venda de armas de fogo e
munição, embora antecipada pelos institutos de pesquisa nas duas semanas antes
da votação, gerou todo tipo de resposta, em ambos os campos de opinião. Muito se
escreveu sobre os significados do NÃO; as interpretações variam enormemente,
indo desde apocalípticos avisos sobre o avanço de uma suposta “onda
conservadora” que avançaria inexoravelmente sobre a nação até considerações de
que trata-se de uma vitória (ou derrota) vazia em um referendo sem
sentido. Uma parte dos derrotados resolveu ressucitar o velho adágio de Pelé e
decretar que o povo não sabe votar; uma outra parte, mais obtusa, já preferiu
enxergar no resultado do referendo uma vitória dos “orfãos da ditadura”, das
“elites conservadoras”, do “marketing”, ou mesmo do inexistente “lobby das
armas”. Não faltaram aqueles que acusam quem votou no NÃO de ter votado contra
Lula e o governo, ignorando o real objetivo do referendo.
As críticas tem lá sua razão de ser, pelo menos do ponto de vista dos
derrotados; efetivamente, o referendo deixou de ser apenas sobre o seu objeto
oficial e tornou-se muito mais. Ele adquiriu um caráter plebiscitário, em que a
população votou NÃO às políticas de segurança pública em geral, com ênfase no
governo federal mas atingindo também os governos estaduais, que são os
principais responsáveis pelo tema. Foi também um protesto contra o governo, e um
sinal amarelo claro às pretensões de Lula de se reeleger; o perfil da
distribuição dos eleitores do SIM é bastante similar ao do eleitorado de Luís
Inácio. Embora obviamente nem todo mundo que votou no SIM vote em Lula (assim
como nem todo mundo que votou no NÃO seja oposição), a pesquisa da Datafolha
mostra que 50% dos eleitores potenciais de Lula votariam no SIM. Dada a vantagem
muito maior do que a prevista do NÃO, e a crescente identificação do SIM com o
governo na reta final (reforçada pelo apoio explícito de Lula á proibição,
manifestado até em artigo de jornal) pode-se supor que o núcleo duro do
eleitorado do SIM acabou sendo, efetivamente, o eleitorado do presidente.
O referendo também mostrou-se uma armadilha, não apenas para o governo, mas
para toda a centro-esquerda brasileira (representada, de formas diferentes, pelo
PT e pelo PSDB); ironicamente, foi ela a principal proponente do referendo.
Enquanto a centro-direita e a extrema esquerda ou embarcaram no NÃO ou ficaram
de fora da briga, o tucanato e a nomenklatura petista, por razões distintas,
embarcaram de corpo e alma no bote do SIM. Não morreram afogados, mas saíram bem
machucados do naufrágio.
Mas fora os elementos conjunturais, o referendo revelou algo mais. Ficaram
evidentes quatro pontos: a) o abismo entre o pensamento do grosso da classe
política e a opinião popular; b) a enorme distância entre entre o discurso e
valores da centro-esquerda e os valores morais que guiam uma parcela
significativa da população; c) o voto de desconfiança dado pelo cidadão ao
Estado brasileiro de forma geral; d) e as armadilhas e imperfeições dos chamados
mecanismos de democracia direta.
Quanto a a), podemos recorrer novamente à Datafolha: entre os entrevistados
que reveleram ter preferência partidária, mais de 60% dos que preferem o PSDB e
cerca de 50% dos petistas declararam-se pelo NÃO; entre os simpáticos ao PMDB, o
número chega próximo a 70%. Isso é um sinal claro de que as bases dos grupos
políticos que mais se engajaram na campanha pela proibição estavam rachadas, ou
francamente contrárias à medida; o potencial de mobilização da militância era
baixo e o de a disseminação informal da posição partidária, limitado. Isso abriu
espaço para a mobilização pelo NÃO, que embora não contasse com estruturas
partidárias a seu serviço foi capaz de construir expontaneamente, em um processo
não-planejado de formação de redes, uma militância ativa. A internet serviu como
mecanismo de contato e organização da militância do NÃO, pondo para escanteio a
mídia tradicional e as estruturas partidárias de mobilização.
A constatação desse processo leva a b): o NÃO conseguiu mobilizar e
sensibilizar as pessoas por ecoar um conjunto de valores que é caro ao
brasileiro em geral. Apesar da preponderância do discurso dito progressista na
mídia, e da dominância bipolar de dois partidos de centro-esquerda no campo
político, uma parcela significativa da população não têm identidade alguma com
um certo conjunto de valores pregados por essas tendências ideológicas. O
discurso do NÃO, ao invocar a imagem do “cidadão de bem”, intencionalmente ou
não, conectou-se a um conjunto de valores arraigados que a esquerda chamaria de
“burgueses”, mas que são enraizados na cultura brasileira, em todos os grupos
sociais. A população viu no SIM a defesa do que considera (corretamente, ao meu
ver), uma inversão de valores: a criminalização do cidadão honesto e a
beatificação do criminoso. O desconforto latente dos brasileiros com vários
comportamentos da centro-esquerda na questão da segurança e criminalidade veio à
tona: o inconformismo com o que se enxerga como parcialidade das ONGs e
militantes dos direitos humanos, que preocupam-se com o bem-estar dos criminosos
mas ignoram a situação das vítimas e de suas famílias; a indignação com a
impunidade, seja dos crimes comuns, seja dos do colarinho branco, ou dos aliados
ideológicos da esquerda; a contrariedade com a forma desleixada como se trata a
defesa da propriedade (especialmente a rural), que muitas vezes parece ser vista
pelo governo como concessão de um favor e não como parte das suas atribuições
fundamentais; o desgosto com a insistência de que o crime seria expressão apenas
das desigualdades sociais, o que não apenas tornaria todo pobre um criminoso em
potencial, como de alguma forma contribui para dar ao bandido uma aura de herói,
e ao crime, de resistência. Esses valores, longe de representarem uma “onda
conservadora”, são parte do ethos de trabalho duro e honestidade que faz parte
da cultura nacional, especialmente entre os mais pobres e as famílias de classe
média que ascenderam da pobreza (um ethos que têm menos penetração nas classes
mais altas, acostumadas a uma visão mais aristocrática e elitista e, ato
contínuo de consciência culpada, mais “progressista” da realidade). Não são
“onda” nenhuma; são, isso sim, o substrato sólido sobre o qual a “onda
progressista” bailou nos últimos 20 anos, aparentemente com penetração
limitada.
O ponto c) é também bastante claro: com base nesses valores ditos “burgueses”
ou “conservadores” a população censurou a política de segurança pública atual.
Embora eu não considere que exista hostilidade da população à preocupação com
direitos humanos, desarmamento voluntário e alternativas para punição e
recuperação de bandidos culpados de crimes menores, a prioridade dada pelos
eleitores é clara: primeiro, policiamento eficiente e fim da impunidade; o resto
vem depois. O eleitorado deixou claro que uma nova política de segurança,
diferente do modelo dito progressista adotado nos últimos 20 anos, é
necessária.
Quanto a d), pretendo abordá-lo em mais detalhe em futuro artigo. Mas a
polarização ocorrida na reta final da campanha do referendo lança um alerta: é
muito fácil que, em uma votação desse tipo, estabeleça-se um clima de final do
Campeonato Brasileiro, com torcidas organizadas digladiando-se e o apelo
emocional, simplista anulando o debate político racional. Referendos e
plebiscitos são formas de mobilização das massas que levam a uma polarização
irracional, empobrecendo o debate e ampliando o elemento de irracionalidade da
decisão política. Embora sejam indubitavelmente instrumentos da
democracia, não são uma forma eficiente de resolver questões polêmicas, e
especialmente, para deliberar sobre direitos fundamentais como a auto-defesa,
que não deveriam nem mesmo ser objeto de debate em primeiro lugar. Além disso,
esses mecanismos só funcionam, na prática, dentro da estrutura do sistema
representativo: é por meio dele que os temas para decisão popular são
escolhidos, as perguntas formuladas, e a consulta realizada. Além disso, é
possível aos governantes simplamente ignorar a decisão popular, aceitando-a
formalmente mas inviabilizando-a por outros meios; as discussões que apareceram
imediatamente depois do referendo na televisão, com certos cientistas políticos
até mesmo sugerindo que o governo aumentasse os impostos sobre armas e munição
para tornar sua aquisição proibitiva, mostra que a vontade do eleitorado é, na
melhor das hipóteses, vista pelo governantes como no máximo uma sugestão.
Fica claro que, limitada ou não, a democracia representativa é pré-requisito
para a democracia direta, e não pode ser substituída por ela de forma alguma; e
se a democracia direta não pode substituir o sistema representativo nem oferece
resultados racionalmente superiores, ela serve para quê? A democracia direta é,
na melhor das hipóteses, um apêndice da democracia representativa, e de
utilidade bastante duvidosa. Isso não significa que o sistema representativo não
possa ser aperfeiçoado, a participação popular ampliada, o controle dos cidadãos
sobre o governo melhorado; mas indica que referendos e plebiscitos não são
panacéia nenhuma. Tampouco significa que, no futuro, o avanço da tecnologia não
permita realizar consultas populares de forma prática e rápida; mas atualmente,
isso é mero sonho. É impossível governar um país por meio de plebiscitos e
referendos. Por isso digo que, embora satisfeito com a vitória do NÃO, considero
que devemos ser muito cuidadosos com experiências de referendos e plebiscitos no
futuro. Democracia não pode ser nem a ditadura da maioria, nem o governo das
multidões doutrinadas.
A vitória do NÃO no referendo sobre a proibição da venda de armas de fogo e
munição, embora antecipada pelos institutos de pesquisa nas duas semanas antes
da votação, gerou todo tipo de resposta, em ambos os campos de opinião. Muito se
escreveu sobre os significados do NÃO; as interpretações variam enormemente,
indo desde apocalípticos avisos sobre o avanço de uma suposta “onda
conservadora” que avançaria inexoravelmente sobre a nação até considerações de
que trata-se de uma vitória (ou derrota) vazia em um referendo sem
sentido. Uma parte dos derrotados resolveu ressucitar o velho adágio de Pelé e
decretar que o povo não sabe votar; uma outra parte, mais obtusa, já preferiu
enxergar no resultado do referendo uma vitória dos “orfãos da ditadura”, das
“elites conservadoras”, do “marketing”, ou mesmo do inexistente “lobby das
armas”. Não faltaram aqueles que acusam quem votou no NÃO de ter votado contra
Lula e o governo, ignorando o real objetivo do referendo.
As críticas tem lá sua razão de ser, pelo menos do ponto de vista dos
derrotados; efetivamente, o referendo deixou de ser apenas sobre o seu objeto
oficial e tornou-se muito mais. Ele adquiriu um caráter plebiscitário, em que a
população votou NÃO às políticas de segurança pública em geral, com ênfase no
governo federal mas atingindo também os governos estaduais, que são os
principais responsáveis pelo tema. Foi também um protesto contra o governo, e um
sinal amarelo claro às pretensões de Lula de se reeleger; o perfil da
distribuição dos eleitores do SIM é bastante similar ao do eleitorado de Luís
Inácio. Embora obviamente nem todo mundo que votou no SIM vote em Lula (assim
como nem todo mundo que votou no NÃO seja oposição), a pesquisa da Datafolha
mostra que 50% dos eleitores potenciais de Lula votariam no SIM. Dada a vantagem
muito maior do que a prevista do NÃO, e a crescente identificação do SIM com o
governo na reta final (reforçada pelo apoio explícito de Lula á proibição,
manifestado até em artigo de jornal) pode-se supor que o núcleo duro do
eleitorado do SIM acabou sendo, efetivamente, o eleitorado do presidente.
O referendo também mostrou-se uma armadilha, não apenas para o governo, mas
para toda a centro-esquerda brasileira (representada, de formas diferentes, pelo
PT e pelo PSDB); ironicamente, foi ela a principal proponente do referendo.
Enquanto a centro-direita e a extrema esquerda ou embarcaram no NÃO ou ficaram
de fora da briga, o tucanato e a nomenklatura petista, por razões distintas,
embarcaram de corpo e alma no bote do SIM. Não morreram afogados, mas saíram bem
machucados do naufrágio.
Mas fora os elementos conjunturais, o referendo revelou algo mais. Ficaram
evidentes quatro pontos: a) o abismo entre o pensamento do grosso da classe
política e a opinião popular; b) a enorme distância entre entre o discurso e
valores da centro-esquerda e os valores morais que guiam uma parcela
significativa da população; c) o voto de desconfiança dado pelo cidadão ao
Estado brasileiro de forma geral; d) e as armadilhas e imperfeições dos chamados
mecanismos de democracia direta.
Quanto a a), podemos recorrer novamente à Datafolha: entre os entrevistados
que reveleram ter preferência partidária, mais de 60% dos que preferem o PSDB e
cerca de 50% dos petistas declararam-se pelo NÃO; entre os simpáticos ao PMDB, o
número chega próximo a 70%. Isso é um sinal claro de que as bases dos grupos
políticos que mais se engajaram na campanha pela proibição estavam rachadas, ou
francamente contrárias à medida; o potencial de mobilização da militância era
baixo e o de a disseminação informal da posição partidária, limitado. Isso abriu
espaço para a mobilização pelo NÃO, que embora não contasse com estruturas
partidárias a seu serviço foi capaz de construir expontaneamente, em um processo
não-planejado de formação de redes, uma militância ativa. A internet serviu como
mecanismo de contato e organização da militância do NÃO, pondo para escanteio a
mídia tradicional e as estruturas partidárias de mobilização.
A constatação desse processo leva a b): o NÃO conseguiu mobilizar e
sensibilizar as pessoas por ecoar um conjunto de valores que é caro ao
brasileiro em geral. Apesar da preponderância do discurso dito progressista na
mídia, e da dominância bipolar de dois partidos de centro-esquerda no campo
político, uma parcela significativa da população não têm identidade alguma com
um certo conjunto de valores pregados por essas tendências ideológicas. O
discurso do NÃO, ao invocar a imagem do “cidadão de bem”, intencionalmente ou
não, conectou-se a um conjunto de valores arraigados que a esquerda chamaria de
“burgueses”, mas que são enraizados na cultura brasileira, em todos os grupos
sociais. A população viu no SIM a defesa do que considera (corretamente, ao meu
ver), uma inversão de valores: a criminalização do cidadão honesto e a
beatificação do criminoso. O desconforto latente dos brasileiros com vários
comportamentos da centro-esquerda na questão da segurança e criminalidade veio à
tona: o inconformismo com o que se enxerga como parcialidade das ONGs e
militantes dos direitos humanos, que preocupam-se com o bem-estar dos criminosos
mas ignoram a situação das vítimas e de suas famílias; a indignação com a
impunidade, seja dos crimes comuns, seja dos do colarinho branco, ou dos aliados
ideológicos da esquerda; a contrariedade com a forma desleixada como se trata a
defesa da propriedade (especialmente a rural), que muitas vezes parece ser vista
pelo governo como concessão de um favor e não como parte das suas atribuições
fundamentais; o desgosto com a insistência de que o crime seria expressão apenas
das desigualdades sociais, o que não apenas tornaria todo pobre um criminoso em
potencial, como de alguma forma contribui para dar ao bandido uma aura de herói,
e ao crime, de resistência. Esses valores, longe de representarem uma “onda
conservadora”, são parte do ethos de trabalho duro e honestidade que faz parte
da cultura nacional, especialmente entre os mais pobres e as famílias de classe
média que ascenderam da pobreza (um ethos que têm menos penetração nas classes
mais altas, acostumadas a uma visão mais aristocrática e elitista e, ato
contínuo de consciência culpada, mais “progressista” da realidade). Não são
“onda” nenhuma; são, isso sim, o substrato sólido sobre o qual a “onda
progressista” bailou nos últimos 20 anos, aparentemente com penetração
limitada.
O ponto c) é também bastante claro: com base nesses valores ditos “burgueses”
ou “conservadores” a população censurou a política de segurança pública atual.
Embora eu não considere que exista hostilidade da população à preocupação com
direitos humanos, desarmamento voluntário e alternativas para punição e
recuperação de bandidos culpados de crimes menores, a prioridade dada pelos
eleitores é clara: primeiro, policiamento eficiente e fim da impunidade; o resto
vem depois. O eleitorado deixou claro que uma nova política de segurança,
diferente do modelo dito progressista adotado nos últimos 20 anos, é
necessária.
Quanto a d), pretendo abordá-lo em mais detalhe em futuro artigo. Mas a
polarização ocorrida na reta final da campanha do referendo lança um alerta: é
muito fácil que, em uma votação desse tipo, estabeleça-se um clima de final do
Campeonato Brasileiro, com torcidas organizadas digladiando-se e o apelo
emocional, simplista anulando o debate político racional. Referendos e
plebiscitos são formas de mobilização das massas que levam a uma polarização
irracional, empobrecendo o debate e ampliando o elemento de irracionalidade da
decisão política. Embora sejam indubitavelmente instrumentos da
democracia, não são uma forma eficiente de resolver questões polêmicas, e
especialmente, para deliberar sobre direitos fundamentais como a auto-defesa,
que não deveriam nem mesmo ser objeto de debate em primeiro lugar. Além disso,
esses mecanismos só funcionam, na prática, dentro da estrutura do sistema
representativo: é por meio dele que os temas para decisão popular são
escolhidos, as perguntas formuladas, e a consulta realizada. Além disso, é
possível aos governantes simplamente ignorar a decisão popular, aceitando-a
formalmente mas inviabilizando-a por outros meios; as discussões que apareceram
imediatamente depois do referendo na televisão, com certos cientistas políticos
até mesmo sugerindo que o governo aumentasse os impostos sobre armas e munição
para tornar sua aquisição proibitiva, mostra que a vontade do eleitorado é, na
melhor das hipóteses, vista pelo governantes como no máximo uma sugestão.
Fica claro que, limitada ou não, a democracia representativa é pré-requisito
para a democracia direta, e não pode ser substituída por ela de forma alguma; e
se a democracia direta não pode substituir o sistema representativo nem oferece
resultados racionalmente superiores, ela serve para quê? A democracia direta é,
na melhor das hipóteses, um apêndice da democracia representativa, e de
utilidade bastante duvidosa. Isso não significa que o sistema representativo não
possa ser aperfeiçoado, a participação popular ampliada, o controle dos cidadãos
sobre o governo melhorado; mas indica que referendos e plebiscitos não são
panacéia nenhuma. Tampouco significa que, no futuro, o avanço da tecnologia não
permita realizar consultas populares de forma prática e rápida; mas atualmente,
isso é mero sonho. É impossível governar um país por meio de plebiscitos e
referendos. Por isso digo que, embora satisfeito com a vitória do NÃO, considero
que devemos ser muito cuidadosos com experiências de referendos e plebiscitos no
futuro. Democracia não pode ser nem a ditadura da maioria, nem o governo das
multidões doutrinadas.